quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Maioridade Penal

Vem sendo abordado de uma maneira bem tosca e sem grande força argumentativa, a questão da maioridade penal no seriado Malhação. Um assunto bastante relevante, porém, mal abordado e com fraca argumentação. Tentam impor um reciocinio baseado em "os mocinhos acham que é bom, então eu também vou achar".

Pessoalmente também sou contra a diminuição da maioridade penal. Porém, acho que falar "lugar de jovem é na escola" e "todo mundo merece uma segunda chance", é poético de mais para um assunto tão sério.

São mentiras? Não. De forma alguma. As duas afirmações são verdadeiras até de mais. Mas uma família que teve um parente morto por um menor de idade, não vai aceitar-los. Afinal, qual segunda chance foram dadas as pessoas que perderam a vida nas mãos de menores?

Não. Acho que são necessários argumentos mais fortes e mais concisos para tentar sensibilizar esse pais, mães, irmãos, tios, tias, avós e avôs, parentes e amigos que viram seus entes queridos perderem a vida tão brutalmente.


Em primeiro lugar. O crime não é uma opção. O crime é uma falta de opção para a maioria dos jovens. Por muito tempo, nosso país teve um Estado presente apenas para os mais ricos, que provinha condições apenas para os mais bem abastados se tornarem ainda mais poderosos. Enquanto aos mais pobres, restou o descaso, a miséria, a falta de cuidado. Não se gerou emprego, não se criou escolas nas favelas, nem se investiu nas que já existiam lá. Abandonaram os postos médicos, sem profissionais e sem material. Por decadas, as únicas manifestações do Estado nesses locais, foi na cobrança de impostos absurdos.

O jovem que vê sua família passando fome, sem que nenhuma providência seja tomada pelo Estado, VAI se embrenhar no mundo do crime. Existem as excessões, claro. Mas, nesse caso, a excessão apenas confirma a regra.

Outro ponto importante. Nossa sociedade é muito cheia de dois pesos, duas medidas. Quando um pobre menor de idade mata ou agride alguém, fala-se logo em maioridade penal E, em alguns casos mais extremos, até em pena de morte.

Porém, são dois assuntos COMPLETAMENTE esquecidos quando jovens ricos, que frequentam as melhores escolas, tiveram todas as oportunidades da vida, espancam sem nenhum motivo mendigos na rua. Quando esses mesmos jovens queimam indios dormindo em bancos de praça ou espancam homossexuais em praça pública, apenas para se divertir. O MÁXIMO de indignação que vemos é um ou outro exigindo que esses jovens sejam tratados como qualquer um. Mas não vejo ninguém pedindo uma pena mais dura, uma punição mais severa para essas pessoas.

O que preciamos do nosso país, não é entupir nossos presidios com mais jovens. Precisamos criar oportunidades para que esses jovens não entrem no mundo do crime. E criar oportunidades para que os jovens que já cometeram delitos, não voltarem a cometer-los. Ninguém nasce marginal. Ninguém nasce bandido. Somos todos frutos de nossas oportunidades, ou da falta delas.

Preciamos trazer a discussão além das novelinhas Teens e apresentar argumentos mais incisivos.

Boa noite a todos.

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